terça-feira, novembro 08, 2005

Um menino, uns caminhos...


Meu irmão vai casar, vai ser pai. Hoje conversamos pouco pelo telefone, como sempre, e ele disse que iria prestar vestibular para Direito...

“Um menino caminha e caminhando chega no muro e ali logo em frente a esperar
pela gente o futuro está”


Há pouco ouvi a música Aquarela, de Toquinho e Vinícius de Moraes, e como numa retrospectiva um filme desenrolou na minha mente. Voltei há mais de 15 anos e lembrei que ele cantava pra mim essa canção (eu nunca conseguia canta-la toda). Eu gostava de ouvi-lo. Ele não enfeitava com a voz, apenas deixava o som sair naturalmente enquanto se distraia rabiscando as folhas de papel soltas na sala de nossa casa.

“Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo/E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo”



Uma pausa. É que as lágrimas querem cair, hehe!!! Mas eu não quero que elas caiam, pq amanhã vou ficar com o olho inchado, kakaka!!! Pronto, já estou normal...então, voltando.

Todo mundo, inclusive eu admirava os desenhos dele e acreditávamos que aquele pequeno-grande talento seguiria uma carreira voltada para os traços tortos, mas ele escolheu Direito.
Espero que entre os tantos caminhos tortuosos e desastrosos ele realmente tenha um futuro promissor. Eu, ainda, acredito que ele tome juízo. Quem sabe a paternidade ajude. E eu? (Como ele sempre dizia) Fiquei “pra tia”. Na verdade, ESTOU tia!!! Isso não significa que vou morrer nessa condição, hehehe!!!!!!


“E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade
nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida, depois convida a
rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim
dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
de uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá”


Veja filme animado e recorde


Aquarela
Composição: Toquinho/Vinicius de Moraes

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu

Vai voando, contornando a imensa curva Norte e Sul
Vou com ela viajando Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela branco navegando, é tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo, sereno e lindo e se a gente quiser ele vai pousar

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida
De uma América a outra consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha e caminhando chega no muro e ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está

E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida, depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um dia enfim

Descolorirá

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo (que descolorirá) e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo (que descolorirá)
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo (e descolorirá)

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Há outros dias que não têm chegado ainda, que estão fazendo-se como o pão ou as cadeiras ou o produto das farmácias ou das oficinas
- há fábricas de dias que virão -
existem artesãos da alma que levantam e pesam e preparam certos dias amargos ou preciosos que de repente chegam à porta para premiar-nos com uma laranja ou assassinar-nos de imediato.
Pablo Neruda

quarta-feira, novembro 09, 2005 10:38:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Vem cá, eu te conheço? hahaha!!
Não deixou nenhum meio para eu poder lhe responder, mas saiba que achei altamente interessante a sua mensagem.
Obrigada, viu?
Se bem, que desconfio quem seja. hehehe!!!

quarta-feira, novembro 09, 2005 11:46:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence.

quarta-feira, novembro 09, 2005 11:00:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Vem cá pessoa, esse vai ser o único meio da gente se comunicar, é? Seja lá quem seja, tô adorando isso!!! Hehehe!!!

Mas com relação a mensagem... que texto profundo!!!
Vamos por partes. Como esquecer "a idéia de recompensa e de glória" se esses são elementos integrantes para a sobrevivência da espécie humana? Não importa o modo como se manifestam, se são materiais ou abstratos, o fato é que ambos são motivadores do homem.

Eu acho que sou quem sou, não o que fui, se é que já fui algum dia algo, hehehe!!!

"vigiados pelos próprios olhos severos conosco, pois o resto não nos pertence" Essa frase é interessante... vou absorvê-la com carinho. Não que as outras não fossem, mas esta marcou mais...

Obrigada pelas palavras, tá?

Sempre que puder me visite ;)

quarta-feira, novembro 09, 2005 11:59:00 PM  

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